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AGRO | 12/03/2022 - 18:44:00

Professora cultiva 400 espécies de cactos e suculentas em Piratuba

Elas são as queridinhas do momento. Durante a pandemia, com as pessoas passando mais tempo dentro de casa, as plantas ornamentais, principalmente as suculentas e os cactos, ganharam lugar de destaque em muitos lares. Fáceis de cuidar, bonitas e resistentes, essas espécies podem ter alcançado a fama recentemente, mas já haviam ganhado o coração da professora Simone Carvalho da Silva, 36 anos, há muito tempo.

Moradora do interior de Piratuba, Simone tem cerca de 400 espécies diferentes de cactos e suculentas. A primeira planta foi adquirida ainda na adolescência, mas na época a professora não sabia praticamente nada sobre o assunto. “Eu tinha ela apenas como uma flor qualquer, mas hoje sei muito sobre a espécie, que está em todos os cantos do meu jardim”, lembra. Chamada de Echeveria pampa, a primeira planta cultivada por Simone pode variar a tonalidade ao longo do ano e parece um ramalhete.

Depois da primeira aquisição, o jardim começou a aumentar. Cresceu tanto que Simone precisou se mudar para um sítio há cerca de sete anos. Com espaço disponível, ela não parou mais e adaptou a rotina para ter tempo para cuidar das plantas. “Dou aquela olhadinha básica todos os dias, mas separo pelo menos quatro dias na semana para cuidar da manutenção e da produção de mudas”, conta.

Simone aprendeu muito ao longo dos anos. Sem prática no início, ela estudou e buscou conhecimento para cuidar cada vez melhor das plantas. “Quando comecei, tinha convicção de que as terras prontas eram as melhores. Hoje eu tenho minha própria mistura, que uso com muita confiança”, fala. A “misturinha” da professora é simples, mas eficaz: terra, esterco de gado para adubar, farelos naturais, restos de serragem, folhas secas, silagens de milho e até cana de açúcar. Segundo ela, esses componentes ajudam a adaptar as plantas ao clima e ao solo da região de Piratuba.

Por conta dos anos de convívio com os cactos e suculentas, a professora já sabe exatamente quando cada planta precisa de cuidados. “Vejo pela terra, se estiver seca eu rego com água em abundância, um banho de mangueira mesmo”, diz. Ela ressalta que existe até um horário mais adequado para a rega. “Molho bem cedo ou quando começa a anoitecer, é o momento em que elas absorvem melhor a água, que deve estar bem fria”, explica. Simone lembra que em temperaturas extremas de frio e calor, os cuidados precisam ser intensificados.

Hoje a família toda participa da rotina de cuidados. O marido de Simone auxilia na plantação e na busca por vasos naturais, enquanto a filha observa de longe, com brilho nos olhos. “Ela está sempre envolvida, num brincar descomprometido, conhece algumas variedades, sabe as que ainda não temos e fica encantada quando os cactos estão em flores”, conta. Nas atitudes de Bella Luara, quatro anos, a professora vê que o amor pelas suculentas tende a só aumentar. “Ela tem até ciúmes das plantas”, ri.

Pode parecer difícil cuidar de um número tão grande de espécies, mas para Simone, o esforço é recompensador. “A jardinagem vem colaborando com minha saúde física, mental, emocional e psicológica. Ela também me auxilia a manter e criar vínculos afetivos com as pessoas do meu entorno, adquirindo novos conhecimentos e habilidades. As plantas ajudam a me reconectar intimamente com a Terra”, conta. A professora tem na coleção algumas suculentas raras, no entanto não consegue escolher uma favorita. “Tenho em meu jardim algumas que não há dinheiro no mundo que pague, todas sem exceção são importantes para mim. Até os matinhos têm o seu encanto”, diz.

Cerca de 80% da coleção de Simone veio de trocas com outros produtores de plantas de pequeno porte. Aos poucos, ela transformou o hobby em uma fonte de renda extra. “Todas elas eu iniciei com mudas pequenas ou até folhas. Depois que crescem, as primeiras mudas são minhas matrizes, aí eu começo a vender as excedentes. Algumas espécies levam pouco tempo nesse processo, outras demoram anos”, fala. A professora realiza as vendas no próprio sítio ou pela Internet.

Pandemia acelerou as vendas

De acordo com o Instituto Brasileiro de Floricultura (Ibraflor), a venda de plantas deu um salto durante a pandemia. De 2020 para 2021, o crescimento do faturamento no setor foi de 15%. A categoria das plantas ornamentais, que inclui suculentas e cactos, está entre as três mais vendidas no Brasil.

Para Marlene Backes, proprietária da Floricultura da Marlene, em Piratuba, vários motivos explicam esse “boom” das suculentas. “Elas são resistentes, toleram sol, precisam de pouca água, têm uma variedade enorme de espécies, são baratas, crescem quase que em qualquer lugar e representam um verdadeiro atrativo aos olhos”, explica. Segundo ela, nos primeiros meses de pandemia, a demanda aumentou tanto que o estabelecimento não conseguia dar conta de atender todos os clientes.

A florista ainda destaca outra facilidade das suculentas: cada folha, por mais pequena que seja, pode dar origem a uma nova planta. “Há uma troca de mudas muito grande entre quem cultiva. Com outras flores, isso já é mais difícil. Muitas pessoas acabam até fazendo novas amizades por conta dessa troca”, diz Marlene.

Dicas de ouro

Cuidar de suculentas e cactos não precisa ser uma tarefa difícil, basta seguir algumas dicas. A primeira começa antes mesmo do cultivo, na escolha do vaso. “Precisa ter furos na parte de baixo, porque as plantas necessitam de drenagem da terra e a água não pode ficar acumulada, porque aí pode apodrecer”, explica Marlene.

Não há necessidade de investir em vasos caros. A própria natureza pode servir de suporte para as plantas. “Eu resgato muitos troncos de árvores mortas que, com carinho, recebem flores e ganham vida em meu jardim”, conta Simone. A professora dá várias sugestões de materiais naturais que podem ser utilizados, como cascas de castanhas, côcos, cupuaçu, taquaras e porongos, que ela mesma cultiva.

Na hora de plantar, a orientação é escolher uma terra orgânica, que seja rica em nutrientes. Pode-se até misturar a terra com areia, segundo Marlene.

O cuidado mais essencial é em relação à rega. Suculentas e cactos não precisam de muita água e a terra não deve ficar muito úmida. A dica então é utilizar um borrifador, para evitar excessos. Marlene também lembra que as espécies são amigas do sol. “É importante que elas fiquem em lugares mais iluminados e peguem umas quatro horas de sol por dia. Regar uma ou no máximo duas vezes por semana já é suficiente”, ressalta. Caso as folhas comecem a cair, lembre-se que elas podem gerar novas mudas. É só replantar e em poucos dias terá uma nova suculenta.

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Fonte e fotos: Pamela Schreiner/Jornal Comunidade

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